Essa frutinha não tem nada de novidade, pois seus benefícios medicinais já são usufruídos há 2500 em países do leste asiático, mas foi em 2013 que o Goji berry (Lycium barbarum) se espalhou pelo mundo, transformando-a num alimento milagroso, eu prefiro chamar de alimento da moda, assim como o Goji muitos surgiram, quem não lembra do chá verde? Da ração humana? Do óleo de coco e da quinoa?
O motivo pelo qual esses alimentos ganharam fama é simplesmente pelo fato de trazerem com eles os "tais" benefícios rápidos, principalmente emagrecimento, ora quem não quer emagrecer rápido sem fazer muito esforço?
Proporciona bem estar;
Rica em vitamina C;
Rica em vitaminas do complexo B, A e E;
Contém 20 aminoácidos essenciais;
Presença de 21 minerais;
Apresenta ácidos graxos insaturados;
Pouco calórica;
Presença de carotenóides (zeaxantina e luteína);
Potencial emagrecedor;
Ação anti-inflamatória;
Ação anti-inflamatória;
Ação anticancerígena;
Previne diabetes;
Melhora o sistema imunológico
Melhora o sistema imunológico
Ufa! Quanta coisa!
Mas
será que o Goji berry é realmente um alimento poderoso??? A
resposta é nem tanto!
Na
busca por fontes mais seguras como os artigos científicos é possível notar
ainda uma necessidade de mais pesquisas sobre a frutinha. Dos itens citados
acima alguns são confirmados através de estudos, mas outros...
Então listarei aqui os reais benefícios do Goji berry:
- Proporciona bem estar
Através de estudos com humanos observou-se que a
ingestão do Goji aumentava a energia, a qualidade do sono, dava sensação de
felicidade, reduzia a fadiga e o estresse (Amagase e Nance, 2008; Hsu et al 2012).
- Atividade antioxidante
- Degeneração macular
Digamos que você queira consumir o Goji berry por causa da grande quantidade de zeaxantina e luteína, por ser uma fruta de origem Asiática, ela é vendida aqui no Brasil na forma desidratada, chás e em cápsulas. O custo por exemplo de 150g de fruta seca é de R$ 53,90, o chá de 200g R$ 51,90 e em cápsulas num pote contendo 100g R$ 31,20. Se seu objetivo é ingerir a zeaxantina e luteína devido aos seus benefícios, alimentos como as folhagens verdes escuras que encontramos por aqui também fornecem, e que além de serem mais baratos são encontrados na forma fresca.
Além do mais, na minha opinião, engana-se quem acha que consumir cápsulas estará consumindo uma alimento natural (???). Cápsulas não são alimentos!
- Composição química
O Goji berry apresenta várias vitaminas, como a vitamina C - 42mg/100g, equivale a uma laranja lima (Potterat, 2010).
Eu encontrei em sites e em revistas dizendo que o Goji possui "50 vezes mais vitamina C que a laranja", uau! Bom isso não é?! Mas, a ingestão necessária de vitamina C para um adulto de acordo com a Anvisa é de 45mg. Quantidades ingeridas além das necessidades corporais são excretadas podendo sobrecarregar os rins. Portanto não é melhor e mais barato ingerir um copo de suco de laranja por dia?
Minerais como Potássio, Cálcio, zinco, Ferro, Cobalto, Manganês, Magnésio e outros estão presentes na forma inorgânica (Amagase e Nance, 2008).
Eu encontrei em sites e em revistas dizendo que o Goji possui "50 vezes mais vitamina C que a laranja", uau! Bom isso não é?! Mas, a ingestão necessária de vitamina C para um adulto de acordo com a Anvisa é de 45mg. Quantidades ingeridas além das necessidades corporais são excretadas podendo sobrecarregar os rins. Portanto não é melhor e mais barato ingerir um copo de suco de laranja por dia?
Minerais como Potássio, Cálcio, zinco, Ferro, Cobalto, Manganês, Magnésio e outros estão presentes na forma inorgânica (Amagase e Nance, 2008).
Os aminoácidos presentes são no total de 18 (Amagase e Nance, 2008).
De acordo com outro estudo, o Goji apresenta 12% de proteína, 10% de fibra e 10% de gordura (Ballarín et al, 2011).
A cor do Goji é devido a presença predominante do carotenóide Zeaxantina precursor de vitamina A (Amagase et al, 2009; Lin et al, 2011).
- Potencial emagrecedor
É importante ressaltar que foi feito apenas 1 estudo (esse que foi citado e que não tenho acesso, apenas se pagar) e que mesmo assim não nos fornece dados necessários, o que tem de ser feito são outros estudos que comprovem esse.
- Potencial anticancerígeno
Estudos feitos in vitro (células cultivadas em placas de laboratório) concluiu-se que os polissacarídeos presente no Goji berry são capazes de inibir o crescimento de células cancerígenas do cólon humano e que talvez possa ser utilizado como um agente anti-câncer (Mao et al, 2011).
O próprio estudo diz que "talvez possa ser utilizado como um agente anti-câncer", pois se trata de estudos feitos em células cultivadas em laboratório sendo necessário se fazer testes com humanos para a comprovação dos seus efeitos.
- Previne diabetes
Estudos feitos in vitro e in vivo (com ratos) demonstraram que os polissacarídeos presentes no Goji berry funciona como um remédio em potencial contra o diabetes mellitus (Zhu et al, 2013).
E mais uma vez são estudos feitos com células e em ratos, sendo necessário se fazer testes com humanos para a comprovação dos seus efeitos.
Vimos que o Goji berry tem muitos benefícios, além dos que foram citados, em outros estudos destacou-se que os polissacarídeos possui também outras atividades biológicas importantes, como melhoria do sistema imunológico, antitumor, neuroprotecção, radioprotecção, anti-diabetes, hepatoproteção e anti-osteoporose (Jin et al, 2013). No entanto, a maioria desses efeitos foram investigados in vitro ou in vivo, e destacam a necessidade de estudos com efeitos em humanos. Entretanto, foram observados alguns efeitos adversos que é importante citar.
- Alergias devido ao consumo da fruta
Foi detectado dois casos de alergia devido ao consumo da fruta, uma paciente de 27 anos desenvolveu anafilaxia e outra paciente de 13 anos apresentou urticária (Ballarín et al, 2011).
Um outro estudo feito com humanos comprovou um potencial alérgico através da ingestão do Goji berry e ainda sugere que novos estudos sejam feitos a fim de se determinar a real importância da fruta como um alergênico (Larramendi et al, 2012).
- Contaminação
Foi notificado que uma paciente de 60 anos deu entrada no hospital com sintomas como astenia, artralgia, diarréia não sanguinolenta e dores abdominais, depois de ter ingerido chá de Goji berry durante 10 dias, por 3 vezes ao dia, depois de uma recomendação de uma amiga. O artigo não descarta a possibilidade de alteração na composição da fruta, incluindo a contaminação durante o processamento (Arroyo-Martinez et al, 2011).
Que o Goji berry tem lá suas vantagens sabemos. Sabemos também dos possíveis efeitos adversos e mais ainda, por ser um alimento relativamente "novo" ainda faltam estudos sobre ele, vimos que os próprios pesquisadores sugerem isso.
Antes de cairmos na conversa de marketeiros com promessas de "alimentos poderosos", "secadores de gordura", "super emagrecedor", temos que colocar em prática nosso pensamento crítico: será que é isso tudo que falam mesmo? As fontes que estamos buscando são seguras? Sei que muitos não tem acesso a artigos científicos e pra quem não está acostumado é bem difícil de entender, mas há um monte deles de fácil acesso, mas ainda digo que nem sempre os artigos são 100% seguros, tem muita coisa ruim no meio. Mas volto a dizer, exercer o pensamento crítico é fundamental.
E pra concluir, quando um "alimento poderoso" surgir, pense no que seria melhor: consumir algo que vem lá do outro lado do mundo, por exemplo, ou consumir algo regional que tem as mesmas propriedades nutricionais?
Fontes:
AMAGASE, H.; NANCE, D.M. A Randomized, Double-Blind, Placebo-Controlled, Clinical
Study of the General Effects of a Standardized Lycium barbarum (Goji) Juice, GoChi™. The Journal of Alternative and Complementary Medicine. v. 14, n. 4, pp. 403–412, 2008.
AMAGASE, H.; SUN, B.; BOREK, C. Lycium barbarum (goji) juice improves in vivo antioxidant biomarkers in serum of healthy adults. Nutrition Research. n. 29, p.19–25, 2009.
ARROYO-MATINEZ, Q.; SÁENZ, M.J; ARIAS, F. A.; ACOSTA, M. S. J. Lycium barbarum: A new hepatotoxic "natural" agent. Digestive and Liver Disease. n. 43, p. 749, 2011.
BALLARÍN, S. M.; LOPEZ-MATAS, M. A.; ABAD, D. S.; PEREZ-CINTO, N. CARNÉS, J. Anaphylaxis Associated With the Ingestion of Goji Berries (Lycium barbarum). J Investig Allergol Clin Immunol. v. 21, n. 7, p. 567-570, 2011.
BUCHELI, P.; VIDAL, K.; SHEN, L.; GU, Z.; ZHANG, C.; MILLER, L.E.; WANG, J. Goji Berry Effects on Macular Characteristics and Plasma Antioxidant Levels. Optometry and Vision Science, v. 88, n. 2, 2011.
CARNÉS, J.; LARRAMENDI, C. H. de; FERRER, A.; HUERTAS, A. J.; LÓPEZ-MATAS, M.A.; PAGÁN, J.A.; NAVARRO, L. A.; GARCÍA-ABUJETA, J. L.; VICARIO, S.; PEÑA, M. Recently introduced foods as new allergenic sources: Sensitisation to Goji berries (Lycium barbarum). Food Chemistry, n. 137, p. 130–135, 2013.
CHENG, C.Y.; CHUNG, W.Y.; SZETO, I.T.; BENZIE, I.F.F. Fasting plasma zeaxanthin response to Fructus barbarum L. (wolfberry; Kei Tze) in a food-based human supplementation trial. British Journal of Nutrition, n. 93, p. 123–130, 2005.
JIN, M.; HUANG, Q.; ZHAO, K.; SHANG, P. Biological activities and potential health benefit effects of polysaccharides isolated from Lycium barbarum L. International Journal of Biological Macromolecules, n. 54, p. 16–23, 2013.
HSU, C.H.; NANCE, D.M.; AMAGASE, H. A Meta-Analysis of Clinical Improvements of General Well-Being by a Standardized Lycium barbarum. J. Med. Food, v. 15, n. 11, p. 1006–1014, 2012.
LARRAMENDI, C.H.; GARCÍA-ABUJETA, J.L.; VICARIO, S.; GARCÍA-ENDRINO, A.; LOPÉZ-MATAS, M.A.; GARCÍA-SEDEÑO, M.D.; CARNÉS, J. Goji Berries (Lycium barbarum): Risk of
Allergic Reactions in Individuals With Food Allergy. J. Investig Allergol Clin Immunol, v. 22, n. 5, p. 345-350, 2012.
LIN, N. C.; LIN, J.C.; CHEN, S.H.; HO, C.T.; YEH, A.I. Effect of Goji (Lycium barbarum) on Expression of Genes Related to Cell Survival. J. Agric. Food Chem. n. 59, p. 10088–100, 2011.
MAO, F.; XIAO, B.; JIANG, Z.; ZHAO, J.; HUANG, X.; GUO, J. Anticancer effect of Lycium barbarum polysaccharides on colon cancer cells involves G0/G1 phase arrest. Med Oncol, n. 28, p. 121–126, 2011.
POTTERAT, O. Goji (Lycium barbarum and L. chinense): Phytochemistry, Pharmacology and Safety in the Perspective of Traditional Uses and Recent Popularity. Planta Med, n. 76, p. 7–19, 2010.
ZHU, J.; LIU, W.; YU, J.; ZOU, S.; WANG, J.; YAO, W.; GAO, X. Characterization and hypoglycemic effect of a polysaccharide extracted from the fruit of Lycium barbarum L. Carbohydrate Polymers, n. 98, p. 8– 16, 2013.
Antes de cairmos na conversa de marketeiros com promessas de "alimentos poderosos", "secadores de gordura", "super emagrecedor", temos que colocar em prática nosso pensamento crítico: será que é isso tudo que falam mesmo? As fontes que estamos buscando são seguras? Sei que muitos não tem acesso a artigos científicos e pra quem não está acostumado é bem difícil de entender, mas há um monte deles de fácil acesso, mas ainda digo que nem sempre os artigos são 100% seguros, tem muita coisa ruim no meio. Mas volto a dizer, exercer o pensamento crítico é fundamental.
E pra concluir, quando um "alimento poderoso" surgir, pense no que seria melhor: consumir algo que vem lá do outro lado do mundo, por exemplo, ou consumir algo regional que tem as mesmas propriedades nutricionais?
Fontes:
AMAGASE, H.; NANCE, D.M. A Randomized, Double-Blind, Placebo-Controlled, Clinical
Study of the General Effects of a Standardized Lycium barbarum (Goji) Juice, GoChi™. The Journal of Alternative and Complementary Medicine. v. 14, n. 4, pp. 403–412, 2008.
AMAGASE, H.; SUN, B.; BOREK, C. Lycium barbarum (goji) juice improves in vivo antioxidant biomarkers in serum of healthy adults. Nutrition Research. n. 29, p.19–25, 2009.
ARROYO-MATINEZ, Q.; SÁENZ, M.J; ARIAS, F. A.; ACOSTA, M. S. J. Lycium barbarum: A new hepatotoxic "natural" agent. Digestive and Liver Disease. n. 43, p. 749, 2011.
BALLARÍN, S. M.; LOPEZ-MATAS, M. A.; ABAD, D. S.; PEREZ-CINTO, N. CARNÉS, J. Anaphylaxis Associated With the Ingestion of Goji Berries (Lycium barbarum). J Investig Allergol Clin Immunol. v. 21, n. 7, p. 567-570, 2011.
BUCHELI, P.; VIDAL, K.; SHEN, L.; GU, Z.; ZHANG, C.; MILLER, L.E.; WANG, J. Goji Berry Effects on Macular Characteristics and Plasma Antioxidant Levels. Optometry and Vision Science, v. 88, n. 2, 2011.
CARNÉS, J.; LARRAMENDI, C. H. de; FERRER, A.; HUERTAS, A. J.; LÓPEZ-MATAS, M.A.; PAGÁN, J.A.; NAVARRO, L. A.; GARCÍA-ABUJETA, J. L.; VICARIO, S.; PEÑA, M. Recently introduced foods as new allergenic sources: Sensitisation to Goji berries (Lycium barbarum). Food Chemistry, n. 137, p. 130–135, 2013.
CHENG, C.Y.; CHUNG, W.Y.; SZETO, I.T.; BENZIE, I.F.F. Fasting plasma zeaxanthin response to Fructus barbarum L. (wolfberry; Kei Tze) in a food-based human supplementation trial. British Journal of Nutrition, n. 93, p. 123–130, 2005.
JIN, M.; HUANG, Q.; ZHAO, K.; SHANG, P. Biological activities and potential health benefit effects of polysaccharides isolated from Lycium barbarum L. International Journal of Biological Macromolecules, n. 54, p. 16–23, 2013.
HSU, C.H.; NANCE, D.M.; AMAGASE, H. A Meta-Analysis of Clinical Improvements of General Well-Being by a Standardized Lycium barbarum. J. Med. Food, v. 15, n. 11, p. 1006–1014, 2012.
LARRAMENDI, C.H.; GARCÍA-ABUJETA, J.L.; VICARIO, S.; GARCÍA-ENDRINO, A.; LOPÉZ-MATAS, M.A.; GARCÍA-SEDEÑO, M.D.; CARNÉS, J. Goji Berries (Lycium barbarum): Risk of
Allergic Reactions in Individuals With Food Allergy. J. Investig Allergol Clin Immunol, v. 22, n. 5, p. 345-350, 2012.
LIN, N. C.; LIN, J.C.; CHEN, S.H.; HO, C.T.; YEH, A.I. Effect of Goji (Lycium barbarum) on Expression of Genes Related to Cell Survival. J. Agric. Food Chem. n. 59, p. 10088–100, 2011.
MAO, F.; XIAO, B.; JIANG, Z.; ZHAO, J.; HUANG, X.; GUO, J. Anticancer effect of Lycium barbarum polysaccharides on colon cancer cells involves G0/G1 phase arrest. Med Oncol, n. 28, p. 121–126, 2011.
POTTERAT, O. Goji (Lycium barbarum and L. chinense): Phytochemistry, Pharmacology and Safety in the Perspective of Traditional Uses and Recent Popularity. Planta Med, n. 76, p. 7–19, 2010.
ZHU, J.; LIU, W.; YU, J.; ZOU, S.; WANG, J.; YAO, W.; GAO, X. Characterization and hypoglycemic effect of a polysaccharide extracted from the fruit of Lycium barbarum L. Carbohydrate Polymers, n. 98, p. 8– 16, 2013.